sábado, 23 de outubro de 2010

Não vivemos numa monarquia, mas temos um rei

Hoje, dia 23 de outubro é aniversário de Edson Arantes do Nascimento. O Rei Pelé, o chamamos. O melhor jogador de futebol de todos os tempos. Ser “o melhor” naquilo que se faz não é para qualquer. Isso, porque talvez, a maioria de nós, não saiba ou passará a vida toda sem conhecer sua verdadeira vocação. Temos potencial para vir a ser tantas coisas, mas como identificar uma função ou profissão a qual podemos nos tornar os melhores. Não que seja mais simples, mas os esportistas de um modo geral, através da dedicação, disciplina, estabelecimentos de metas, superação de resultados podem experimentar o gosto real da vitória. De qualquer forma, é tão subjetivo esse conceito de realização profissional: dinheiro, status, fama? O que buscamos. Acordar todos os dias e ter prazer de exercer seu trabalho ou função já é uma grande vitória. Vemos tantas pessoas desanimadas insatisfeitas, inconformadas com sua condição, mais preocupadas com o outro, do que consigo mesmas. O pior é que isso é contagioso, enquanto deveria ser o contrário.




Todavia, é muito bom ter em quem se inspirar, é claro, sabendo que de perto ninguém é normal. Mas quem não gostaria de deixar um legado, a exemplo de Senna, Zico, Giseli, Roberto Carlos, Oscar Niemayer, Tom Jobim, Fernanda Montenegro, Betinho, Sônia Bridi, Caco Barcelos, Santos Dumond, Darci Ribeiro, Monteiro Lobato e Frei Betto, para citar outros brasileiros. Por isso, aproveitando que hoje é sábado: um brinde solitário, vida longa ao rei Péle e ao talento de cada um de nós.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

E quem disse que é fácil...

O jornalismo é uma profissão apaixonante e, por isso mesmo, não é tão fácil quanto possa parecer. Os desafios são muitos, não apenas de reconhecimento e valorização econômica da categoria. No começo da faculdade ao ouvir muita gente dizer que havia escolhido esse curso por ser uma pessoa muito comunicativa e que seu sonho era trabalhar no rádio ou na tv porque não gostava de escrever, já imaginava a dificuldade que elas enfrentariam. Pessoalmente, meu objetivo era seguir a carreira acadêmica e docente através do curso de jornalismo, mas surgiram outras oportunidades e a própria vida me apontou caminhos diferentes. Assim, ao conhecer as características de cada veículo, como a linguagem e os recursos que elas dispõem, aprendi a respeitar e buscar me aprimorar, afinal, o curso oferece um grande embasamento teórico e social, mas como dizem, a prática é diferente, assim como, o ideal é diferente do real, daquilo que é possível. Que o diga um apresentador do Jornal Brasil Central:


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O que é o amor

Abro um parentêses para reproduzir este texto de Paulo Coelho sobre o Amor, ou melhor, sobre as tentativas de concepções acerca do amor...





O amor

Segundo o dicionário: do Lat. Amores, s. m., viva afeição que nos impele para o objeto dos nossos desejos; inclinação da alma e do coração; afeição; paixão; inclinação exclusiva; graça teologal.

No Novo Testamento: Agora, pois, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor, estes três, mas o maior destes é o amor. (Cor 13:13)

Segundo a etimologia: os gregos possuíam três palavras para designar o amor: Eros, Philos e Ágape. Eros é o amor saudável entre duas pessoas, que justifica a vida e perpetua a raça humana. Philos é o sentimento que dedicamos aos nossos amigos. Finalmente, Ágape, que contem Eros e Philos, vai muito mais longe do fato de “gostar” de alguém. Ágape é o amor total, o amor que devora quem o experimenta. Para os católicos, este foi o amor que Jesus sentiu pela humanidade, e foi tão grande que sacudiu as estrelas e mudou o curso da história do homem. Quem conhece e experimenta Ágape, vê que nada mais neste mundo tem importância, apenas amar.

Para Oscar Wilde: A gente sempre destrói aquilo que mais ama / em campo aberto, ou numa emboscada; /alguns com a leveza do carinho / outros com a dureza da palavra; / os covardes destroem com um beijo, /os valentes, destroem com a espada.(in Balada do Carcere de Reading, 1898)

Em um sermão no final do século XIX: Derrame generosamente seu amor sobre os pobres, o que é fácil; e sobre os ricos, que desconfiam de todos, e não conseguem enxergar o amor de que tanto necessitam. E sobre seu próximo – o que é muito difícil, porque é com ele que somos mais egoístas. Ame. Jamais perca uma oportunidade de dar alegria ao próximo, porque você será o primeiro e se beneficiar disto – mesmo que ninguém saiba o que você está fazendo.Eu estou neste mundo vivendo o presente. Qualquer coisa boa que eu possa fazer, ou qualquer alegria que puder dar aos outros, por favor, digam-me. Não me deixem adiar ou esquecer, pois jamais tornarei a viver este momento novamente. ( in O Dom Supremo, Henry Drummond [ 1851-1897])

Em uma mensagem eletrônica recebida pelo autor : “enquanto guardei meu coração para mim mesma, jamais tive qualquer manhã de angústia ou noite de insônia. A partir do momento em que me apaixonei, minha vida tem sido uma seqüência de angústias, de perdas, de desencontros. Penso que, usando o amor, Deus conseguiu esconder o inferno no meio do paraíso” (C.A., 23/11/2006)

Para a ciência: no ano 2000, os pesquisadores Andreas Bartels e Semir Zeki, do University College de Londres, localizaram as áreas do cérebro ativadas pelo amor romântico, usando para isso uma série de estudantes que diziam estar perdidamente apaixonados. Em primeiro lugar, concluíram que a zona afetada pelo sentimento é muito menor que imaginavam, e são as mesmas que são ativadas por estímulos de euforia, como no uso da cocaína, por exemplo. O que levou os autores a concluírem que o amor é semelhante à manifestação de dependência física provocada por drogas.

Também usando o mesmo sistema de escanear o cérebro, a cientista Helen Fisher, da Rutgers University, conclui que três características do amor (sexo, romantismo, e dependência mútua) estimulam áreas diferentes no córtex; concluindo que podemos estar apaixonados por uma pessoa, querer fazer amor com outra, e viver com uma terceira.

Para um poeta: O amor não possui nada, e nem quer ser possuído, porque ele se basta a si mesmo. Ele irá vos fazer crescer, e depois os atirará por terra. Vos açoitará para que sintais vossa impotência, vos agitará para que saiam todas as vossas impurezas. Vos amassará para deixar-vos flexíveis.
E logo vos atirará ao fogo, para que possais vos converter no pão bendito, que será servido na festa sagrada de Deus (in O Profeta, de Khalil Gibran, [1883-1931] )


O poder da gentileza

A primeira vez que me deparei com um papel escrito com letras bem grandes: “proibido desacatar funcionário público.., sujeito a..,” foi na recepção do pronto socorro. Confesso que aquilo me causou mais mal-estar do que o motivo que havia me conduzido até lá. Outro dia li isso também na creche onde a minha filha estuda.

Temos aí várias leituras, afinal, justamente o setor da saúde é um dos mais problemáticos, aqui ou em qualquer outro lugar. Mas os médicos, antropólogos e sociólogos já descobriram há muito tempo o quanto os seres humanos padecem de atenção. Para isso inventaram os placebos.

As pessoas do lado de fora ou dentro do balcão, querem ser bem tratadas, querem se sentir de algum modo, especiais. Não no sentido de serem privilegiadas, mas ouvidas. Receber um bom dia, uma palavra que manifeste respeito.




Eu não sou a pessoa mais simpática que conheço, até mesmo por distração e, neste sentido, ultimamente tenho me policiado para ficar mais atenta ao tempo, ao espaço e as pessoas. Isso porque, muitas vezes o outro precisa mais da gente, do que podemos supor. Enfim, entendo que funcionários públicos, atendentes do comércio, da área da saúde ou educação, seja quem for, não pode desacatar nem ser desacatado. Um sorriso, um bom dia ou até logo faz toda a diferença.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sonhei o que mesmo?

Sempre digo que a minha memória temporária é muito temporária. Entretanto, admito que tenho um grande potencial para lembrar e gravar situações adversas ou desfavoráveis. Daquele tipo que na crise ou discussão, recorda e puxa todos os fatos e, em ordem cronológica ainda por cima.

Digo isso porque fui provocada a falar sobre “O sonho de Fabiano”, uma história que escrevi por volta dos 10 anos, depois de ter sido flagrada pela professora plagiando o texto da velhinha contrabandista, de Stanislaw Ponte Preta. Disso lembro claramente, afinal como dizem, podemos aprender pelo amor ou pela dor. Já do Fabiano, lembro apenas que eu e outras duas grandes amigas gostávamos dele desde o jardim de infância e ele me inspirou a escrever a história a qual me recordo apenas que se passava em outra galáxia.

Ah, mas para os que não conhecem reproduzo a história da tal velhinha contrabandista:





A Velha Contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A função da palavra

Espero que não seja semelhante ao começo de um namoro novo. Daqueles que a gente tem ou procura assunto pra conversar o dia inteiro. Mas a verdade é que se até alguns dias eu me queixava da falta de assunto pra colocar o blog no ar, a vontade de escrever agora borbulha. Ao mesmo tempo é uma forma de comprometimento com a atualização, afinal agora tornei público o meu olhar sobre a cidade. É como parar de fumar, você conta para muitas pessoas e se assim aumenta o compromisso, pois pegarão no seu pé se tiver uma recaída. Eu adoro uma analogia.



Mas enfim, escrevo justamente para tratar da função da linguagem. Sobre o quanto a língua escrita nos permite expressar aquilo que nos é mais intimo e singular. É perceber que escrevendo criamos uma outra identidade, não idealizada ou forjada. Na busca desta identidade, a escolha das palavras envolve uma relação de respeito, de cumplicidade e até mesmo de devoção. Entretanto, concluo citando Paulo Freire: “na verdade, o domínio sobre os signos lingüísticos escritos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe uma experiência social que o procede – a da leitura do mundo”.

Vários olhares sobre a cidade

Hoje pela manhã, ao acessar o blog do Barão, antes mesmo de acessar o meu blog, fiquei surpresa e muito feliz pela referencia ao “Um olhar sobre a Cidade”. Ocorre que desde o início das atividades de bloguistas como Milton Barão, Edson Varela, Paulo Chagas e Olivete Salmoria, tornou-se um hábito acessá-los diariamente. E mais de uma vez ao dia, não apenas para manter-me informada, pois tornou-se uma importante ferramenta de trabalho.





O que me chama muito a atenção é o fenômeno que se tornaram os blogs em Lages. Há cerca de três meses ao reencontrar colegas jornalistas e, muitos deles atuando no setor público, questionei quais os blogs mais acessados em Joinville. Me surpreendi ao saber que não existem nomes que se destaquem, nem mesmo aqueles já renomados nos comentários políticos.

Cabe destacar que embora Joinville seja uma cidade que cresce a passos largos, cheia de oportunidades no setor industrial, que procura por mão de obra qualificada, o setor da comunicação é extremamente limitado.

Para exemplificar, no setor impresso, após a venda de um dos maiores e mais respeitados jornais catarinenses, o A Notícia para o grupo RBS, muitas vezes tem-se a impressão que estamos lendo o Diário Catarinense.

Será que falta noticia ou dinheiro para o setor comercial, ou ainda, profissionais para atuarem? O que me parece um contrassenso ao mesmo tempo me remete para algo que vivenciei em casa e mais tarde pude compreender na faculdade: nos estados do sul, sobretudo, os de colonização italiana e alemã, o conceito de trabalho é o pegar na enxada, o chamado trabalho pesado, enquanto que nos estados do norte e nordeste o conceito de trabalho se estende livremente a produção de música, poesia e literatura. Por isso, dizia uma professora, enquanto nós achamos que eles “vivem as nossas custas”, eles estão produzindo cultura e nos abastecendo. Quando digo que vivi isso em casa, é porque muitas vezes minha mãe ao me ver lendo um livro dizia: minha filha, não tens nada o que fazer, vá trabalhar. Ler, escrever, refletir: isso também é trabalho.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Instantânea




Era por volta de 19h30 e eu havia acabado de dar boa noite para um colega de trabalho, quando este me alertou que sequer havia anoitecido. Tá certo que nos atrapalhamos com a mudança do horário de verão, mas tem dias que estamos tão distraídos que ligamos o piloto automático sem nos darmos conta. Mas, por sorte nesta situação, ao voltar para a sala ainda deu tempo de flagrar o sol indo embora. Descontando o tempo que fiquei observando, foi um instante tão rápido que mal consegui registrar com a máquina fotográfica. Não me recordo de ver em outras cidades, tantos pores do sol lindos como aqui em Lages. 19h45:agora sim, já está na hora de dizer: boa noite.



Um dia de domingo

Ontem foi um dia muito esquisito. A começar pelo horário de verão. Não é fácil a adaptação nos primeiros dias, ou melhor, no primeiro mês. Aparentava ser mais um dia chuvoso em Lages, mas o tempo mudava, alternando chuva e aberturas de sol.

À tarde, no estádio Vidal Ramos mais um jogo do Internacional, desta vez contra o Caxias, de Joinville. Confesso que achei que ficaria dividida na torcida. Mas se normalmente fico em dúvida em coisas simples, como a marca da margarida ou do café, me orgulho de não ser imparcial em questões como futebol ou política.

Por mais que a tal imparcialidade seja defendida como bandeira do jornalismo, não acredito que isso exista de fato. Porém, carrego pra a vida algo que aprendi na faculdade: “um publicitário nasceu para agradar alguém todos os dias, já o jornalista nasceu para desagradar alguém todos os dias”. Traduzindo, se o meu coração determinasse, poderia até apanhar da torcida do Inter, mas vibraria com o Caxias. Porém, não foi o que aconteceu.

Depois de acompanhar o primeiro jogo de retorno do Leão da Serra ao campeonato catarinense, ainda que na terceira divisão, me tornei uma colorada. Não pelo futebol que tem se visto em campo, mas pela historia do Inter, campeão catarinense de 65. O Inter do Zezé, do Anacleto, do Mauricio, do Brequinho e de tantos outros, muitos anônimos, movidos pela paixão.


Bem, falando em paixão voltemos ao jogo de domingo. Antes do início da partida, em entrevista a uma rádio, o árbitro afirmou ao repórter que onde ia levava a Luisiana. Confesso que não entendi bem o que significava tal declaração, poderia ser uma expressão “futebolística”, mas em seguida ele explicou que se tratava de sua namorada, a bandeirinha do jogo. E continuou, dizendo que a relação de confiança auxiliava na condução do jogo. O mesmo declarou Luisiana, dizendo ainda que, aprendia muito com ele.

Daí, mais uma vez me questionei: paixão e imparcialidade combinam? Mas é necessário dizer, que embora não entenda praticamente nada de regras de arbitragem, foi um jogo justo sob esse aspecto. O que não foi justo com a alegria e empolgação da torcida colorada foi o desempenho do Inter que no primeiro tempo atacou o tempo o todo e fez jogadas singulares, desarmando completamente o time adversário. O primeiro tempo terminou em zero a zero, com um “selinho” em campo entre o árbitro e a bandeirinha.

O Inter, sem o respaldo do técnico expulso no primeiro tempo voltou irreconhecível. O Caxias marcou três gols apenas nos primeiros 16minutos e o placar final resultou em cinco contra um gol de misericórdia do Inter. Mas nem todos os torcedores que pagaram para assistir o jogo viram o gol do Inter, pois as arquibancadas já estavam praticamente vazias. É paixão tem disso, às vezes causa um alvoroço, mas quem disse que a gente abandona. Sábado tem jogo em Caçador. Dá-le Inter.