quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sonhei o que mesmo?

Sempre digo que a minha memória temporária é muito temporária. Entretanto, admito que tenho um grande potencial para lembrar e gravar situações adversas ou desfavoráveis. Daquele tipo que na crise ou discussão, recorda e puxa todos os fatos e, em ordem cronológica ainda por cima.

Digo isso porque fui provocada a falar sobre “O sonho de Fabiano”, uma história que escrevi por volta dos 10 anos, depois de ter sido flagrada pela professora plagiando o texto da velhinha contrabandista, de Stanislaw Ponte Preta. Disso lembro claramente, afinal como dizem, podemos aprender pelo amor ou pela dor. Já do Fabiano, lembro apenas que eu e outras duas grandes amigas gostávamos dele desde o jardim de infância e ele me inspirou a escrever a história a qual me recordo apenas que se passava em outra galáxia.

Ah, mas para os que não conhecem reproduzo a história da tal velhinha contrabandista:





A Velha Contrabandista

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário